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quarta-feira, 29 de abril de 2015

MEDO DE VOAR



Do livro "Gitanjali", de Rabindranath Tagore 

"Tenazes são os obstáculos, mais dói o meu coração quando tento vencê-los. A libertação é tudo que eu desejo, mas tenho vergonha de esperar por ela. Tenho certeza de que há em ti um tesouro inestimável e que és o meu melhor amigo, mas não tenho coragem de varrer a quinquilharia do meu quarto. O manto que me cobre é manto de poeira e morte; odeio-o, mas abraço-o com amor. Pesadas são as minhas dívidas, enormes as minhas faltas, e a minha vergonha é secreta e grave, mas quando venho reclamar o meu bem, tremo de medo que seja atendida a minha súplica." 

Namastê. 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

CAOS URBANO




Acabo de ver um vídeo chocante de uma adolescente, estudante, espancando a outra “colega” de classe em meio a todos os demais alunos - e professor - durante uma aula na escola. A maioria dos que estavam em volta, se afastou. Alguns “filmaram” com o celular. Outros, ainda, gritavam para que alguém separasse as duas e, também, chamavam pelo nome da agressora e imploravam para que ela parasse. 

Posto isso, sentimentos nada agráveis chegaram e me fizeram recordar o que ainda tenho em mim. Indignação, impotência, raiva... 

Quando vejo situações como essa, uma sequência se segue: 

- indignação, pelo fato em si;
- impotência, porque não tenho como controlar a situação e/ou as demais pessoas (no caso, a garota que violentava a outra) – o que é uma grande pretensão que por vezes ocorre; e
- raiva, por sentir vontade de que a agressora sofresse o mesmo (para “ver o que é bom”). 

Houve muitos outros “estágios” nesse torpor que a Mente me causou naqueles momentos alucinantes, mas esses foram os principais. 

Por Deus que estou no caminho do Yoga há algum tempo. Isso, porque se não fossem os preceitos que sigo, eu teria deixado com que esses sentimentos me fizessem “voltar às origens”, quando eu era mais instintivo do que espiritualizado. Não que seja lá grandes coisas (risos), mas gosto de pensar que “hoje é melhor que ontem”. 

Através desse vídeo, que me fez recordar as desagradáveis sensações citadas acima, pude identificar o que senti, ou seja, o discernimento ocorreu no momento certo. Ele foi o gatilho, o estopim para que o processo fosse despertado. 

Dessa forma, pude interiorizar e me recordar do YAMA mais importante do Yoga: AHIMSA, ou “não violência”. Alguns ainda acrescentam que Ahimsa é a “abstinência a agredir outros, inocência, não causar dor a qualquer criatura por pensamento, expressão, escrita, em qualquer momento”. 

Ahimsa não é apenas praticar a não violência “simples” (ou óbvia), mas muito mais que isso, é ficar extremamente chocado com situações como essas, que nos mostram irmãos em tanto caos, com perdições violentas e escravizantes de si próprios. É simplesmente não aceitar que isso possa existir. Ahimsa é sentir a tristeza profunda diante de violência no geral, principalmente com jovens que, atormentados pela vida que levam, perdem a grande oportunidade de viverem de forma simples e em paz, com respeito a si próprios e ao próximo. 

Que eu possa continuar com o trabalho que o Yoga me permite, de interiorizar, buscar meu “lago interior” e percebê-lo em paz, refletindo a verdadeira face da Fonte, da Vida, de Deus. 

Namastê. 


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Os Yamas e Nyamas aplicados ao mundo Corporativo



Para os que conhecem a Filosofia do Yoga, o título pode ter um impacto paradoxal. Isso porque o que se observa no mundo Corporativo atual, com o capitalismo elevado ao extremo e sem limites para a obtenção do máximo lucro, é o contrário do que os preceitos do Yoga nos são apresentados.

Vejamos a definição de cada um deles:

Yamas: são os preceitos voltados para a autodisciplina. É como se harmonizar com os demais seres. São eles:

- Ahimsâ: Não violência;
- Satya: Compromisso com a Verdade;
- Asteya: Honestidade;
- Brahmacharya: Castidade;
- Aparigraha: Renúncia ao sentimento de posse.

Nyamas: são os princípios de autocontrole. Servem para o praticante se harmonizar com a Vida e com a realidade transcedental. Seguem:

- Saucha: Pureza (física e mental);
- Samtosha: Contentamento, bem estar;
- Tapas: autosuperação, esforço sobre si mesmo;
- Svâdhyâya: Autoestudo, observar-se;
- Îshvara-pranidhâna: Devoção, entrega ao Senhor.


Dessa forma, agora que pudemos observar os preceitos éticos e morais da Filosofia descritos acima, podemos fazer uma avaliação (mesmo que breve e simplista) do mundo dos Negócios e comparar com o que estes princípios nos ensinam.

Atualmente, o estresse domina o trabalhador. Nas grandes cidades, o agravante do trânsito excessivo atrapalha ainda mais sua vida. Todas as condições que lhe são impostas são ricas em mantê-lo doente física e emocionalmente. Na maioria das vezes, não há tempo para a família, cuidados com si próprio (praticar um esporte ou algo que se goste) ou até uma viagem – esta, parece que sempre é protelada.

Assim, sem tempo para si e com o relógio sempre pressionando os prazos, o trabalhador nem sequer consegue pensar em algo como “Contentamento” (Samtosha). O que é algo triste e assustador.

Imagine, por apenas um instante, se para se fechar um contrato de Negócios, as empresas envolvidas levassem em conta os princípios éticos e morais do Yoga. Apenas considerando-se Satya (compromisso com a verdade) o planeta seria diferente. Não precisaríamos nem dos demais.

Com sabemos que o mundo não muda, quando nós próprios não mudamos, deixo aqui a proposta de fazermos um exercício: escolher um dos preceitos acima citados – obviamente os que mais se adequam ao tema aqui apresentado – e seguí-lo pelos próximos dias quando estivermos no trabalho. Observe qual o esforço necessário, quais os momentos de maior facilidade ou dificuldade para tal, quando há vontade de não o fazê-lo, enfim... Tente observar como você se sai nos próximos dias.
Se quiser compartilhar suas experiências, fique à vontade!

Bons fluídos, viva seu Dharma, Namastê.