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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Kali Yuga - A "idade do vício"

Kalki, encarnação final de Vishnu


Certa vez, andava eu pela calçada de uma avenida movimentada e escutei um casal conversando algo como: "Sim, aquele rapaz é muito bom, ajuda a todos ao redor..." - ou seja, ouvi uma parte do elogio que aquele casal fazia a outra pessoa. Após alguns poucos metros dali, passou um grupo de pessoas e uma das mulheres dizia: "Quando ela levar um tiro na cara vai parar de ser filha da P..." - e fiquei horrorizado, tanto pela frase, como por ser completamente oposta ao que ouvira há poucos segundos antes. Nesse momento, pensei "Kali Yuga... ". 

Para entendermos Kali Yuga, e porque isso acontece, é importante estudarmos as Eras Hindus. No calendário cósmico Hindu, a divisão do tempo é feita em Eras, sendo: 

- Satya Yuga - duração de 1.728.000 anos;
- Tetrâ Yuga - duração de 1.296.000 anos;
- Dvâpara Yuga - duração de 864.000 anos;
- Kali Yuga - a era atual, duração de 432.000 anos. 


A Era atual é a chamada era do vício, ou da destruição, ou ainda das trevas. São muitas as características negativas desta fase, onde o ser humano apresenta-se degradado em termos espirituais, culturais, de educação, meio ambiente... Percebe-se também que a dualidade é marcante, sendo que numa mesma casa/família, observamos uma pessoa que rouba e outra que é elevada em termos da moral e ética, por exemplo. 

Kali Yuga é a era associada ao demônio Kali (não confundir o mesmo com a deusa Kali). No Bhagavata Purana, é dito que Kali recebeu permissão para viver onde quer que houvesse matança de vacas, jogatina, prostituição e embriaguez, sendo, estas, características proeminentes da Era de Ferro a qual vivemos. 

Quando eu ando nas ruas da cidade (ando, mesmo, literalmente à pé), consigo escutar partes de conversas absurdas e incríveis, ver cenas lindas e horrendas, quase que ao mesmo tempo. Essa é a dualidade de Kali Yuga, conforme comentado nas cenas ouvidas/presenciadas no primeiro parágrafo. 

Outra cena comovente é um Ambulatório próximo ao centro da cidade em que moro. Nesse local, são atendidas centenas de pessoas todos os dias (consultas médicas, exames etc), tudo pelo "SUS". Enquanto as pessoas estão lá esperando os atendimentos, elas: fumam, comem doces, salgados e marmitas, tomam refrigerantes e sucos, e ficam espalhadas pelas calçadas próximas ao Ambulatório em questão. Quando consomem suas comidas, bebidas e cigarros, elas simplesmente jogam tudo no chão (restos de comida, latas, bitucas, embalagens de cigarros e salgadinhos e assim por diante). Nessa cena de lixo e degradação, tem dois agravantes: elas ficam sentadas no chão que elas mesmas jogam o lixo. Muitos deitam e dormem nas calçadas (isso mesmo, deitam e dormem...). Vale ressaltar que o Ambulatório possui lixeiras facilmente visíveis (quando passamos na rua, já da para ver), bem como "casa de apoio ao paciente", com banheiros, mais lixeiras, água, café... E ainda, a própria rua, possui contêineres de lixo - que além de elas não usarem para jogar o lixo produzido, esses grandes depósitos de lixo ficam com as tampas abertas, pois os vendedores ambulantes e restaurantes locais tem preguiça de fechar a tampa (acreditem se quiser...). 

Como se não bastasse o descrito acima, aqui vem uma parte bizarra da história: essas mesmas calçadas que os pacientes se deitam para esperar as consultas, no período da noite são utilizadas por travestis para prostituição e vendas de drogas, locais inclusive que fazem "strip" na rua e masturbam "motoboys" e transeuntes a pé (acreditem, é verdade). Durante o dia, é fácil encontrar nas calçadas incontáveis preservativos, bitucas de cigarro e "pinos" de cocaína. 

Assim, essas calçadas traduzem exatamente o que é a Kali Yuga: um ciclo de absurda degradação, na qual o ser "humano" se coloca em situações horrendas, completamente distante do caminho da Luz. De noite, drogas e sexo. De dia, ficam em cima da degradação e jogam mais e mais lixos para depois deitarem em cima. 

Mesmo com tudo isso, sigo o caminho com a Luz do Bem. A vibração precisa se manter elevada para não sermos tragados pelas dualidades e degradação. A força, o discernimento, a harmonia, a paz, a alegria, o silêncio (interno), e a gratidão imperam em minha vida. E quando observo tudo isso acima, elevo meus pensamentos e sentimentos ao grande Pai e à grande Mãe e peço que os grandes Mestres continuem nos ajudando nessa árdua fase de transição. 

Que possamos nos preparar para a nova Era (Satya Yuga) ! 
Que possamos vivenciar dias melhores ! 
Que tenhamos paz, paz, paz ! 

Namastê.

Luis Mauricio Fiorelli. 

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